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Como a Cannabis Medicinal potencializa uma Medicina personalizada


Medicina personalizada ou Medicina de precisão consiste em adaptar os tratamentos médicos às características individuais de cada paciente. No contexto da Cannabis Medicinal, individualizar os tratamentos é imprescindível para a eficácia dos resultados. Afinal, além de uma estrutura bioquímica única, cada indivíduo tem um Sistema Endocanabinoide (SEC) também único.

As pesquisas em torno do SEC ganharam força na segunda metade do século XX, embora o uso terapêutico da planta seja uma prática milenar. O aparato científico auxilia na desconstrução de estigmas que dificultam a consolidação do uso medicinal dos derivados canabinoides em diversos países. No Brasil, a recente regulamentação da Cannabis Medicinal pela Anvisa vem despertando a comunidade médica para o assunto.

Neste conteúdo, falaremos desse cenário, correlacionando Cannabis Medicinal e o estímulo a uma prática médica personalizada a partir de estratégias prescritivas individualizadas. Continue a leitura e entenda por que o uso terapêutico dos derivados canabinoides vem se consolidando em diferentes áreas de atuação, em várias partes do mundo.

O uso de canabinoides e Medicina personalizada

Nos últimos anos, é notável uma mudança de paradigma na prática médica em direção a uma Medicina personalizada e preventiva, consolidando um movimento gradual, consistente e global, que propõe uma abordagem verdadeiramente integrada na assistência à saúde.

Essa abordagem combina aparatos científicos de diversas áreas da Medicina e tecnologias biomédicas. Assim, utilizando as características individuais de cada paciente, como dados clínicos, genéticos (referente a genes específicos) e genômicos (referente a todo o DNA) é possível selecionar tratamentos cada vez mais seguros e eficazes.

A prática da Medicina Endocanabinoide está totalmente alinhada neste contexto de Medicina personalizada e integrada, pois, uma prática prescritiva bem-sucedida depende sempre da individualização das estratégias terapêuticas, uma vez que cada um de nós possui uma estrutura bioquímica única e, portanto, um Sistema Endocanabinoide único.

A complexidade dos compostos canabinoides, bem como, as predisposições genéticas de cada indivíduo – que modulam como cada paciente metaboliza esses compostos – leva a uma ampla gama de respostas fisiológicas a essa terapêutica. A estratégia ideal é, portanto, aquela que identifica a formulação, a dosagem e a posologia mais apropriada para suprir as necessidades individuais de cada paciente.

Devido ao seu amplo espectro de atuação, os canabinoides são uma ferramenta valiosa na redução de doses e desmame de medicamentos, evitando efeitos adversos advindos da polifarmácia. Em comparação com os fármacos de moléculas únicas (frequentemente prescritos para para dor crônica, ansiedade ou depressão, por exemplo), a Cannabis medicinal utilizada de forma assertiva tende a trazer resultados mais abrangentes, englobando diferentes sintomas e os tratando de forma concomitante.

> Para mais informações sobre prescrições assertivas, leia este Guia: Como dosar derivados canabinoides.

Por que ter atenção a esse cenário?

Por seu amplo potencial terapêutico extensivamente explorado pela Ciência – nos mais de 27 mil artigos científicos publicados no PubMed – a Cannabis medicinal vem despertando o interesse da comunidade médica e científica.

Em Israel – um dos países referência na regulamentação do uso medicinal da Cannabis no mundo – a prescrição de derivados canabinoides é prática corriqueira para quadros de dor crônica e outros contextos clínicos frequentemente refratários à terapêutica habitual. Uma pesquisa realizada com 64% de todos os médicos especialistas em dor no país mostra que a maioria deles prescreve Cannabis.

Veja mais dados do levantamento:

  • 63% consideram a Cannabis moderada a altamente eficaz,

  • 56% encontraram efeitos colaterais leves ou nenhum e

  • apenas 5% a consideram significativamente prejudicial.

As indicações mais comuns são para:

  • dor neuropática (65%),

  • dor oncológica (50%),

  • artralgias (25%) e

  • qualquer tipo de dor considerada intratável (29%).

O trabalho conclui que os médicos experientes em prescrever cannabis por um período prolongado, encaram o tratamento como uma opção eficaz e segura para a dor crônica.

Suas respostas sugerem uma possível mudança de paradigma do uso da cannabis apenas como último recurso e vem ao encontro do que vários outros médicos, pesquisadores e autores estão descobrindo em relação ao uso crônico desses compostos: melhora da qualidade de vida em pacientes portadores de doenças crônicas, refratárias e incapacitantes. Como mostra essa pesquisa abaixo, que acompanhou 10.000 pacientes em uso regular de cannabis medicinal por um período de 6 meses.

O tratamento supervisionado e individualizado com cannabis medicinal está associado a alta adesão, melhora na qualidade de vida e diminuição do nível de dor, com baixa incidência de eventos adversos importantes.

Quanto mais as pesquisas científicas evoluem, mais a comunidade médica e os pacientes passam a ter acesso ao potencial terapêutico dessa classe de medicamentos.

Referências

Bar-Lev Schleider Lihi, Mechoulam Raphael, Sikorin Inbal, Naftali Timna, Novack Victor. Adherence, Safety, and Effectiveness of Medical Cannabis and Epidemiological Characteristics of the Patient Population: A Prospective Study. Frontiers in Medicine, v. 9. 2022

Bonn-Miller MO, ElSohly MA, Loflin MJE, Chandra S, Vandrey R. Cannabis and cannabinoid drug development: evaluating botanical versus single molecule approaches. Int Rev Psychiatry. 2018.

Golubnitschaja O, Baban B, Boniolo G, Wang W, Bubnov R, Kapalla M, Krapfenbauer K, Mozaffari MS, Costigliola V. Medicine in the early twenty-first century: paradigm and anticipation – EPMA position paper 2016. EPMA J. 2016.

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