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Fitocanabinoides: descubra o vasto arsenal terapêutico da cannabis medicinal


ocê já ouviu falar em fitocanabinoide? Apesar de a maioria das pessoas conhecer apenas o THC e CBD, a Cannabis conta com mais de 500 compostos químicos diferentes, dentre os quais, mais de 150 são os chamados fitocanabinoides. Eles têm capacidade de produzir diversos efeitos fisiológicos e com potencial terapêutico.

Esses compostos são sintetizados em células secretoras no interior de estruturas glandulares chamadas tricomas, nas flores femininas da Cannabis. As plantas masculinas também apresentam canabinoides, porém, em quantidades muito inferiores às encontradas nas plantas femininas.

Por que é importante saber mais sobre os fitocanabinoides?

A planta Cannabis é muito mais que CBD e THC. Representa um cenário químico complexo de mais de 500 elementos químicos, boa parte deles com potencial terapêutico. Conheça os potenciais usos de outros fitocanabinoides, não tão conhecidos e explorados quanto o CBD e THC:

CBC

Dentre os possíveis efeitos do canabicromeno (CBC) está uma ação antidepressiva. Isso é reforçado em estudo de 2011, que mostra o potencial do CBC e de outros canabinoides para a elevação do humor.

Em 2006, o Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics publicou um estudo que examinou os efeitos dos canabinoides em células neoplásicas de mama in vitro. O CBD foi considerado o inibidor mais potente do crescimento dessas células, mas foi seguido do CBC e CBG, que também, apresentaram bons resultados.

CBDA

O ácido canabidiólico (CBDA) é a forma ácida do CBD. O composto demonstra potencial interessante para inibir náuseas e vômitos. Foi o que indicou uma pesquisa com modelos animais, em que o fitocanabinoide se mostra mais potente do que o canabidiol para esse fim. O CBDA pode trazer benefícios inclusive para as náuseas antecipatórias, para as quais ainda não há terapia específica atualmente.

O CBDA também demonstrou potencial na inibição da migração de células cancerígenas, inclusive em neoplasias de mama agressivas. Esse achado é de um estudo de 2012, que demonstra a capacidade do CBDA em ser um inibidor da migração de células de carcinoma de mama invasivo MDA-MB-231, aparentemente através de um mecanismo que envolve a inibição da proteína quinase A dependente de AMP cíclico.


CBG

O glioblastoma é considerado o câncer cerebral primário mais agressivo. Em fevereiro de 2021, foi publicado um estudo que avalia o uso do canabigerol (CBG) para prevenir a progressão da doença. Foram comparados os efeitos citotóxicos, apoptóticos e anti-invasivos desse canabinoide, juntamente com o CBD e o THC em células tumorais de glioblastoma e células-tronco de glioblastoma. Os compostos CBG e THC reduziram a viabilidade de ambos os tipos de células em uma extensão semelhante, enquanto a combinação de CBD com CBG foi mais eficiente do que com THC. CBD e CBG, tanto isolados quanto combinados, induziram a apoptose celular dependente de caspase. Os autores sugerem mais estudos combinando CBD e CBG no tratamento da doença.

Esse não foi o primeiro estudo que demonstrou o potencial antineoplásico dos canabinoides no glioblastoma multiforme. Como já abordamos neste conteúdo sobre Cannabis e Câncer aqui no blog, um outro estudo, publicado em 2021, aponta os efeitos antitumorais da formulação à base de Cannabis nabiximols no combate ao glioblastoma multiforme (GBM) – também conhecido como glioblastoma grau IV, que é o tipo mais comum e agressivo de tumor maligno cerebral entre seres humanos. Os resultados parciais desse ensaio clínico mostram que a taxa de sobrevida em 1 ano para os pacientes que fizeram uso do extrato de Cannabis foi de 83%.

O CBG também pode funcionar como estimulante do apetite. Uma pesquisa britânica em ratos dividiu os animais em dois grupos e percebeu que os que receberam canabigerol comeram duas vezes mais do que os que fizeram uso de placebo. Não foram registrados efeitos colaterais relevantes.

CBN

Canabinol ou CBN, é um composto derivado da oxidação do delta-9- THC. Por isso, normalmente está presente em maiores quantidades em extratos de cannabis armazenados por tempo prolongado.

Apresenta potencial medicinal nos transtornos de dor muscular crônica, como nos distúrbios temporomandibulares e na fibromialgia. Foi o que demonstrou essa pesquisa de 2019 , realizada com modelos animais de ratos.

Outro estudo com roedores identificou que o CBN pode atrasar o início dos sintomas da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Esse fitocanabinoide demonstrou ser um importante neuroprotetor e pode contribuir para o tratamento de doenças neurodegenerativas.


Delta-8-THC

Apesar do nome similar, o delta-8 THC é um composto com propriedades muito diferentes das do THC (ou delta-9 THC). A similaridade entre os dois, ocorre porque eles têm uma estrutura semelhante, existindo somente algumas diferenças nas ligações químicas.

O delta-8 THC demonstrou potencial em reduzir a dor e a inflamação da córnea. Em um estudo realizado em modelo animal, notou-se que a aplicação desse composto em lesões de córnea em camundongos demonstrou ações antinociceptiva e anti-inflamatória, diminuindo a pontuação da dor e a infiltração local de neutrófilos.

Em 1995 já existiam estudos que exploraram o potencial anti-emético do delta-8 THC. Uma pesquisa administrou esse fitocanabinoide para oito crianças com idades entre 3 e 13 anos, com diferentes tipos de câncer de origem hematológica. A ingestão ocorreu duas horas antes de cada tratamento antineoplásico, sendo repetida a cada 6 horas por 24 horas. O vômito foi completamente evitado e os efeitos colaterais observados foram considerados insignificantes.


THCA

O ácido tetra-hidrocanabinólico (THCA) é a forma ácida do THC, naturalmente presente na planta, antes do processo de descarboxilação. Curiosamente, esse fitocanabinoide não apresenta psicoatividade. Ainda são poucos os estudos sobre este canabinoide, mas ele apresenta propriedades medicinais muito promissoras. Em uma pesquisa de 2019, os pesquisadores concluíram que o THCA pode melhorar substancialmente os sintomas da síndrome metabólica associada à obesidade e inflamação, prevenindo esteatose hepática, adipogênese e infiltração de macrófagos nos tecidos adiposos.

Outro estudo demonstra que o THCA apresenta relevante atividade neuroprotetora, que vale a pena ser considerada para o tratamento da doença de Huntington e possivelmente para outros transtornos neurodegenerativos e neuroinflamatórios.

THCV

THCV ou tetra-hidrocanabivarina é um composto análogo do THC. Alguns estudos pré-clínicos indicam que esse fitocanabinoide antagoniza o THC no receptor CB1 em doses inferiores a 3 mg/kg, mas age como um agonista do receptor CB1 em doses superiores a 10 mg/kg. O THCV tem demonstrado eficácia em modelos experimentais de epilepsia por aumentar a liberação de GABA, neurotransmissor inibitório do sistema nervoso central.

Uma pesquisa de 2020 realizada com camundongos sugere que o THCV também apresenta potencial para inibir a discinesia induzida por levodopa, tanto para retardar a ocorrência, quanto para atenuar os sintomas. Embora sejam necessários mais estudos para determinar o significado clínico dos dados em humanos, os resultados apontam que pode ser promissor utilizar o THCV na terapêutica de pacientes com doença de Parkinson.

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