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Cannabis na doença de Parkinson: qual o potencial desse tratamento?

Dados não oficiais apontam que há pelo menos 250 mil portadores da doença de Parkinson no país. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são mais de 6,3 milhões de pessoas acometidas com a doença, tornando-a a segunda doença neurodegenerativa mais comum do mundo.  Por isso, e pelos sintomas que comprometem significativamente a qualidade de vida dessas pessoas, é urgente buscar por formas de tratamento que tragam mais bem-estar aos pacientes e seus cuidadores. Atualmente, a utilização de Cannabis medicinal na doença de Parkinson é uma opção que está sendo muito estudada e demonstra resultados promissores. É o que você irá conferir neste artigo.

 

Cannabis na doença de Parkinson: qual o potencial desse tratamento?

Pacientes com doença de Parkinson (DP) em uso de cannabis medicinal declaram ter percepções de melhora nos sintomas parkinsonianos. Em um questionário com mais de 1 mil participantes, 40% afirmaram sentir redução da dor e cãibras musculares ao incluir a planta no tratamento, 20% apresentaram melhora em relação à rigidez, freezing – “congelamento”, tremores, depressão, ansiedade e síndrome das pernas inquietas. De forma geral, 54% das pessoas que utilizaram o CBD via oral relataram melhoras, assim como, 68% das que inalaram Cannabis contendo THC. 

>> Confira os resultados em: Cannabis in Parkinson’s Disease: The Patients’ View

Abaixo seguem outros estudos recentes, que reforçam a atuação da Cannabis como adjuvante terapêutico na doença de Parkinson: 

 

Neuroproteção

Um interessante trabalho deste ano de 2021, destaca o potencial dos canabinoides em evitar ou retardar a morte neuronal em três doenças neurodegenerativas: Parkinson, Alzheimer e Huntington. Os autores destacam a descoberta da ativação de células da micróglia com fenótipo neuroprotetor, através da atuação de derivados canabinoides, via receptores endocanabinoides CB2.

>> Leia mais em Recent Advances in the Potential of Cannabinoids for Neuroprotection in Alzheimer’s, Parkinson’s, and Huntington’s Diseases

Esse seria um dos potenciais mecanismos de atuação, que explicam os benefícios do uso dos derivados canabinoides no contexto das doenças neurodegenerativas.

 

Redução da ansiedade e tremores

O uso de CBD pode reduzir a ansiedade e a amplitude dos tremores em pacientes com Parkinson. Foi o que constatou um ensaio clínico, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo ao submeter 24 pacientes a testes simulados para falar em público. Foram coletados dados como frequência cardíaca, pressão arterial sistêmica e frequência e amplitude do tremor. Também foram aplicadas a Escala Visual Analógica de Humor (VAMS) e a Escala de Autoavaliação.

A administração única de CDB na dose de 300 mg diminuiu a ansiedade em pacientes com DP, bem como, reduziu a amplitude dos tremores em uma situação de ansiedade. conforme registrado pelo acelerômetro.

>> Veja em Effects of acute cannabidiol administration on anxiety and tremors induced by a Simulated Public Speaking Test in patients with Parkinson’s disease

Diversos outros trabalhos já demonstraram o potencial ansiogênico do canabidiol em outros contextos patológicos. Veja mais nesse post em que falamos sobre Conceitos prescritivos e ansiedade: principais conceitos para o tratamento.

 

Melhora no sono

Transtornos do sono são comuns em pacientes com Parkinson. O distúrbio comportamental do sono REM pode causar pesadelos e comportamento ativo durante o sono. Este trabalho de 2014 avaliou os efeitos do CBD nesses sintomas em quatro pessoas portadoras de Parkinson. Todos os pacientes tiveram redução imediata e substancial na frequência de eventos relacionados ao distúrbio do sono, sem apresentar efeitos colaterais. 

>> Confira: Cannabidiol can improve complex sleep-related behaviours associated with rapid eye movement sleep behaviour disorder in Parkinson’s disease patients: a case series

 

Manejo da psicose

A administração crônica de levodopa e de agonistas dopaminérgicos no tratamento da Doença de Parkinson pode determinar uma hiper-estimulação dos receptores dopaminérgicos, bem como, de outros sistemas de neurotransmissão e levar a sintomas psicóticos. O manejo da psicose na DP é desafiador e frequentemente são necessárias diferentes intervenções farmacológicas para se alcançar resultados satisfatórios. Uma alternativa que vem se mostrando viável é a cannabis medicinal. Em 2009, foi realizado um estudo piloto com seis pacientes ambulatoriais portadores de Parkinson, que apresentavam episódios de psicose há pelo menos 3 meses. Todos receberam CBD via oral por 4 semanas, além da terapia usual. Houve diminuição significativa dos sintomas psicóticos e nenhum efeito adverso foi observado. 

>> Saiba mais: Cannabidiol for the treatment of psychosis in Parkinson’s disease

 

Assim como na doença de Parkinson, a cannabis medicinal demonstra potencial adjuvante terapêutico em diversos outros transtornos neurológicos. Conheça os efeitos terapêuticos dos derivados canabinoides na dor neuropática, transtorno do espectro autista, esclerose múltipla, doença de Alzheimer e epilepsia.

 

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