top of page
ecimento (20).png

Artrite reumatoide: Cannabis medicinal pode ser um adjuvante terapêutico?

Um dos usos mais comuns da Cannabis medicinal é no tratamento da dor crônica. A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune, onde o sistema imunológico interpreta células saudáveis das membranas sinoviais como potenciais inimigos, causando um processo inflamatório crônico. Os locais mais frequentemente acometidos são as articulações das mãos, punhos e joelhos, por isso, os pacientes apresentam dores articulares crônicas e outros sintomas que comprometem de forma significativa a qualidade de vida , como redução da mobilidade e status funcional. 

Uma parte considerável dos pacientes com AR é refratária ao Metotrexato (MTX), principal medicamento utilizado no manejo da doença. Por isso, a importância de estudarmos outros adjuvantes terapêuticos que possam proporcionar melhor controle de sintomas e de qualidade de vida para esses pacientes.

 

O canabidiol (CBD) tem sido um dos elementos químicos da planta Cannabis mais explorados nos quadros de artrite reumatoide, devido a suas propriedades analgésica e anti-inflamatória. Continue a leitura e entenda a relação entre Artrite Reumatoide e Cannabis medicinal.

 

Cannabis como adjuvante no tratamento da Artrite Reumatoide

As taxas de ocorrência da artrite reumatoide estão associadas ao envelhecimento da população e ao aumento do índice de obesidade.  Só nos EUA, a frequência dessa doença triplicou nos últimos 20 anos em decorrência desses dois fatores. A busca por ferramentas terapêuticas seguras e eficazes no controle da doença tem se mostrado cada vez mais necessária.

Embora muitos estudos ainda estejam em desenvolvimento, há um crescente corpo de evidências científicas que indicam o potencial analgésico e antiinflamatório dos canabinoides no tratamento adjuvante da artrite reumatoide. Esse tipo de dor comumente se manifesta por uma combinação de dor inflamatória, nociceptiva e neuropática, cada uma delas exigindo uma abordagem terapêutica própria.

O CBD, por sua vez, demonstra ação em todos esses quadros de dor, conforme indicam os estudos que relacionam a terapêutica à base de Cannabis ao alívio geral dos sintomas da AR em modelos animais e humanos portadores da doença.

 

Além disso, por ser um elemento não-psicotóxico, o CBD apresenta um extenso perfil de segurança posológica, configurando-se como uma ferramenta terapêutica viável em diferentes e variados perfis de pacientes.

 

Evidências científicas que explicam essa relação

As pesquisas científicas apontam que o Sistema Endocanabinoide é um alvo promissor no tratamento da artrite reumatoide. Os receptores endocanabinoides do tipo CB2 estão amplamente presentes nos órgãos e tecidos do sistema imunológico, destacando o potencial anti-inflamatório e imunomodulador desses receptores.

É o que mostra este experimento que avaliou o potencial analgésico de dois agonistas dos receptores CB2 em um modelo quimicamente induzido de artrite reumatoide em ratos. Os medicamentos foram testados em regimes de tratamento agudos e crônicos, mostrando analgesia mais eficaz nos quadros crônicos.

 

>> Veja o experimento completo em: CB2 agonism controls pain and subchondral bone degeneration induced by mono-iodoacetate: Implications GPCR functional bias and tolerance development.

 

Outro exemplo é este estudo que sugere o potencial do CBD na modulação da produção de citocinas pró-inflamatórias in vitro e em modelos caninos de inflamação induzida. 

Os resultados mostraram que o CBD atenua a produção de citocinas pró-inflamatórias IL-6 e TNF-α, enquanto eleva os níveis de citocinas anti-inflamatórias IL-10, diminuindo assim, a percepção da dor e aumentando a mobilidade dos animais conforme a dosagem utilizada.

 

>> Veja a pesquisa completa em: A randomized, double-blind, placebo-controlled study of daily cannabidiol for the treatment of canine osteoarthritis pain.

 

Também, há evidências do potencial do CBD no alívio das dores da artrite reumatoide nesta pesquisa norte-americana realizada com 196 pacientes em uso regular de Cannabis medicinal para melhora de sintomas e manejo de quadros de dor crônica (dentre eles, artrite), depressão e náuseas.

 

Os resultados mostraram que:

  • 76% relataram uma pontuação de 8 ou mais (em uma escala de 10 pontos) de melhora no seu quadro clínico e 

  • 68% relataram uma pontuação de 8 ou mais em relação à diminuição das dores crônicas com o uso regular de Cannabis medicinal.

 

>> Veja a pesquisa completa em: Mixed methods study of the potential therapeutic benefits from medical cannabis for patients in Florida.

 

 este estudo norte-americano comparou o uso medicinal da Cannabis em um número significativo de pacientes com diagnóstico de esclerose múltipla (153), artrite reumatoide (582) e câncer (622). Esses pacientes tinham 60 anos ou mais e estavam inscritos no Programa de Cannabis Medicinal do Estado de Illinois.

Os autores encontraram que a maioria dos pacientes portadores dessas três condições clínicas fez uso de Cannabis medicinal para buscar alívio de sintomas de dor e melhora do padrão de sono. Os efeitos terapêuticos relatados foram amplamente comparáveis entre os grupos, e independentemente do diagnóstico, o uso regular de Cannabis foi capaz de aliviar sintomas de dor crônica, transtornos do sono e problemas digestivos nesses pacientes.

Os resultados dessa análise deixaram claro o amplo espectro de atuação da cannabis, e seu potencial para impactar processos e sintomas comuns entre condições clínicas tão distintas.

 

>> Veja o estudo completo em: Cannabis Use among Older Persons with Arthritis, Cancer and Multiple Sclerosis: Are We Comparing Apples and Oranges?

 

Importante ressaltar que  independentemente do quadro clínico, educação especializada na área é fundamental para uma estratégia prescritiva assertiva de medicamentos à base de Cannabis.

Cada um de nós tem um Sistema Endocanabinoide único e uma estrutura bioquímica única, portanto, conhecer o histórico de cada paciente e individualizar os tratamentos é essencial para potencializar resultados terapêuticos e minimizar possíveis efeitos adversos. 

Acompanhe nossas redes sociais

  • Instagram
  • Facebook
  • Youtube
  • Instagram
bottom of page