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Canabidiol e epilepsia: descubra os efeitos no tratamento da doença

Embora os mecanismos de ação do Sistema Endocanabinoide ainda não sejam conhecidos por completo, diversos estudos científicos comprovam que os canabinoides exercem influência direta no sistema nervoso central (SNC), atuando como moduladores nas transmissões sinápticas.

O uso do canabidiol para tratar a epilepsia grave e refratária, por exemplo, já é cientificamente comprovado, com resultados significativos na redução das crises e impacto direto na qualidade de vida dos pacientes. 

Quer saber por que o canabidiol funciona no tratamento da epilepsia? Continue a leitura e entenda o potencial do CBD no manejo de crises convulsivas.

 

Canabidiol no tratamento da epilepsia refratária

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 50 milhões de pessoas no mundo sofrem de epilepsia, o que representa em torno de 1% a 2% da população mundial. A denominação “refratária” indica aqueles casos em que foram utilizadas dois ou três anticonvulsivantes em doses otimizadas, sem que houvesse resposta satisfatória na redução das crises.

Sobretudo nesses casos, o CBD se destaca como agente terapêutico opcional, devido às suas propriedades anticonvulsivantes cientificamente comprovadas em diversos estudos, culminando na aprovação do CBD isolado Epidiolex, para tratamento de epilepsia grave e refratária associadas à Síndromes de Lennox Gasteaut e Dravet no FDA (Food and Drug Administration) e em outros órgãos regulatórios do mundo.

 

 

Evidências científicas sobre canabidiol e epilepsia

O primeiro estudo em humanos sobre o uso do canabidiol na epilepsia foi realizado nos anos 1980 pelo cientista brasileiro Elisaldo Carlini, especialista em Psicofarmacologia, que dedicou mais de 50 anos de sua vida à pesquisa da cannabis medicinal. Os estudos de Carlini evidenciaram que o canabidiol tem efeitos farmacológicos próprios no tratamento da epilepsia, atuando de forma independente dos efeitos dos tetra-hidrocanabinol (THC).

pesquisa de Carlini foi realizada com uma pequena amostra de oito pacientes adultos que utilizaram o CBD como agente terapêutico contra a epilepsia. Os resultados apontaram a suspensão completa das crises em quatro desses pacientes e a redução das crises convulsivas em três deles.

Até 2016, muitos estudos sobre o potencial anti-convulsivo do CBD foram conduzidos, porém, todos de pouco tempo de duração e com uma amostra também pequena de pacientes (<15).

Os dois estudos mais relevantes, duplo-cego, randomizados, controlados, com maior número de pacientes, foram os que culminaram na aprovação do CBD isolado Epidiolex, para tratamento da epilepsia grave e refratária associada às síndromes de Lennox Gasteut e Dravet. Ambos os estudos mostraram que mais de 40% dos pacientes apresentaram redução de mais de 50% das crises convulsivas. Em geral, o CBD foi bem tolerado. Os efeitos adversos mais comuns foram sonolência, prostração, perda de apetite e diarreia.

  • 120  pacientes com Síndrome Dravet

  • 61 CBD e 59 controle 

  • CBD isolado 20 mg/kg/dia por 14 sem – 2x/dia

  • 43% redução das crises >50%

 

  • 225  pacientes Lennox-Gasteaut

  • 149 CBD e 76 controle 

  • CBD isolado 10-20 mg/kg/dia por 14 sem – 2x/dia

  • Redução das crises de 41,9% no grupo 20mg/kg/dia

  • Redução das crises de 37,2% no grupo 10mg/kg/dia

 

 

 

Casos clínicos de repercussão internacional

Alguns pacientes com epilepsia grave e refratária, que pioneiramente iniciaram o tratamento com cannabis medicinal ficaram internacionalmente conhecidos.  Um desses personagens é a brasileira Anny Fischer, primeira paciente do país judicialmente autorizada a importar produtos à base de CBD para uso medicinal.

Anny é portadora da síndrome de Rett CDKL5, doença genética rara associada a atraso neuropsicomotor significativo e epilepsia grave, de difícil controle. A menina tinha em média 80 crises epilépticas por semana, as quais foram zeradas quando ela iniciou o tratamento com canabidiol em 2013, aos 5 anos de idade.

Outro caso famoso de uso bem-sucedido do canabidiol no tratamento da epilepsia é o da garota norte-americana Charlotte Figi, que chegava a enfrentar 300 crises epilépticas por semana. Portadora da Síndrome de Dravet, Charlotte sofria de convulsões desde os três meses de idade, vindo a falecer em 2020 aos 13 anos, vítima de pneumonia e complicações de sua doença de base.

Esses casos foram bastante representativos para o impulsionamento das pesquisas sobre Cannabis medicinal no Brasil e no mundo. Os resultados seguem bastante promissores quando falamos em canabidiol e epilepsia, evidenciando o potencial do CBD na redução das crises convulsivas tanto em número, quanto em intensidade, e com um bom perfil de segurança e tolerabilidade.

 

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